09 janeiro 2014

The Intouchables


Ás vezes tudo começa com um trailler. Foi assim que me programei hoje para assistir Intocáveis (The Intouchables) hoje. 

Eu sempre gostei muito de assistir dramas por conta da diversidade de emoções que eles costumam me proporcionar, seja ela boa ou ruim. No fundo, acho apenas que busco métodos catárticos* para viver eventualmente...

Difícil falar sobre este filme, ele me cativou de uma forma que me faz querer colocar meu perfeccionismo em prática e procurar as melhores palavras para opinar sobre ele. Talvez seja isso, um filme que proporciona um prazer indizível, ao menos foi assim para mim.

O filme francês lançado em 2011, conta a história de Phillipe e Driss, retratando as mudanças que ambos vivenciaram compartilhando uma experiência que poderia se resumir a empregador e empregado. A história começa com uma seleção de emprego, onde Phillipe que é tetraplégico procura um homem que possa auxiliá-lo em seus cuidados diários. Dentre os diversos homens tão bem qualificados (médicos, advogados e intelectuais) impregnados de um discurso decorado utilizado usualmente  em entrevistas de emprego, surge Driss com a simples intenção de que assinem o documento que afirma que ele compareceu a entrevista de emprego em vão para que assim ele pudesse ter direito ao benefício assistencial semelhante ao nosso "seguro desemprego". Sincero, desinibido e irreverente ele conquista um período de experiência em um trabalho que ele nem ao menos sabia do que se tratava.

O choque de realidades é evidente no filme e acredito que seja esse contraste, um dos elementos que faz com que o filme se torne tão rico, pois ambos apresentam uma simplicidade única ao respeitar o outro e ceder um espaço para observar, compreender e aceitar as diferenças do outro, sejam elas físicas ou culturais. Tal elemento é  também o que me fez perder partes da legenda por estar gargalhando loucamente da forma que o Driss lidava com essas diferenças, apresentando por acaso uma nova forma de lidar com situações e de modo mais amplo, com a vida.

Na medida em que convivemos com as pessoas, incomodamos, interferimos, cativamos e modificamos diversos aspectos sociais, afetivos, cognitivos e algumas vezes estamos tão impregnados do outro que a ausência é praticamente a perda de si. A amizade que cresce entre os dois é incrível, excede o vínculo empregatício que está associado ao auxílio em atividades cotidianas, e se expande para aquele tipo de relação que um olhar diz tudo. Nesse ponto, a emoção contagia, é impossível não se envolver!

Felizmente o filme aborda de forma diferenciada como usualmente trata-se pessoas que tenham alguma deficiência, que frequentemente se resume a atos de extrema cautela e atolados de uma compaixão que se resume a enxergar não mais a pessoa, mas seus problemas e suas limitações. Ficou explícito para mim a grandiosidade da simplicidade quando o assunto se trata de relação humana e reafirmou valores que trago comigo com relação a deficiências, sejam elas quais forem (físicas, mentais, atitudinais, conceituais).

A trilha sonora é linda, a fotografia tão agradável aos olhos e a história (baseada em fatos reais) tão enriquecedora. Não é preciso muito para repensar a forma de se tratar as pessoas, de se lidar com os problemas e até mesmo de se permitir rir ou chorar com uma reprodução cinematográfica. A mensagem que fica para mim, lembra muito um conceito do Paulo Freire que vi na faculdade, ser mais. E ser mais é simplesmente ser mais, se permitir ir além do que está posto e saber que se pode ir adiante, entender que a felicidade é um caminho possível e que cabe a nós saber onde, quando e como buscá-la.

Apaixonante, eu o assistiria novamente agora mesmo, mas vou aguardar para poder compartilhar o pequeno, e ao mesmo tempo, grandioso prazer em revê-lo em boa companhia e quem sabe propiciar a oportunidade de outras pessoas terem sentimentos tão bons quanto eu tive ao assistir.

A recomendação está feita, e caso queira ouvir a trilha sonora só clicar aqui*. Vale a ressalva para as músicas instrumentais.




* links em vermelho

Um comentário:

  1. Não conseguiria escrever tão bem assim sobre esse filme como você fez ^^
    Parabéns Lenoca, você escreve muito bem <3

    Eu já assisti esse filme e adorei, e depois de ler esse seu post deu vontade de assisti-lo novamente :)

    ResponderExcluir

Bibliobucóli-se...